segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ESSA TAL SEGURANÇA




Aquele era um belo sábado. Sim, aquele tipo ensolarado, quentinho mas com vento, ao qual todos saem de casa nem que for para tomar sorvete na lanchonete da esquina. As pessoas em geral, aproveitam para colocar um belo par de óculos escuros, e vão as compras, ao shopping, resolvidos de fazer compras ou mesmo se distrair.

Eu perdi quatro horas exatamente, fazendo sabe o que? Instalando um novo anti-vírus no meu computador, pois, recebi um e-mail de um amigo ao qual, aparentemente, continha algo estranho que passou ao mesmo.  Não sei até agora, o que foi que prejudicou meu computador, só sei que o mesmo reiniciava sozinho diversas vezes, e o anti-vírus que estava instalado nele simplesmente não conseguia interpretar nenhum risco, então instalei um novo, ao qual fez seu trabalho corretamente, identificando três possíveis corpos estranhos do computador. Eu, enquanto olhava entediada o anti-vírus novo ser instalado, pensei na palavra segurança, ao qual apareceu diversas vezes em pop-ups no meu computador, me avisando que precisava existir um anti-vírus o mais rápido possível, pois meu computador  estava em risco.

Fiquei reflexiva quando cheguei a conclusão, de que perdemos tempo de nossas vidas nos protegendo. Sim, mesmo que inconscientemente, passamos a vida nos protegendo de tudo, gastando tempo e dinheiro adoidado por isto. Se andamos na rua com fones nos ouvidos, temos que vigiar ao nosso redor se não existe algum ladrão ao qual queira nosso celular. Se compramos um carro, gastamos rios de dinheiro com seguro, visando o roubo e também defeitos possíveis que irão surgir. Se usamos um computador, temos que ter um anti-vírus. As mulheres devem sempre andar com um absorvente, senão um determinado dia pode-se menstruar. Se conhecemos alguém interessante, temos que ‘tomar cuidado’ para não sermos enganados, ou então, não criarmos expectativas acima do que realmente a pessoa aparenta ser. Se compramos uma roupa nova, devemos nos atentar se a mesma não possui algum tipo de defeito. Se iremos escolher algo para comer, devemos nos atentar se a comida em questão não tem nenhum fator que nos prejudique – itens que causam alergias ou prejudicam nosso corpo, coisas do tipo – e se a mesma não é cara, pois afinal de contas, devemos nos atentar com qualidade e quantidade. Na empresa ao qual trabalhamos, devemos ser precavidos com erros em nossas tarefas cotidianas para não sermos criticados por nossos chefes, ou então, nos atentar com os colegas aos quais nos invejam ou desejam nos prejudicar de alguma forma. Um dia me disseram: ‘A vida é uma selva, onde você tem que lutar constantemente para sobreviver’. E acho que se encaixa perfeitamente nessa descrição acima.

Porém, o que ninguém percebe de fato, é que essa mania de agirmos e pensarmos como se estivéssemos num campo de batalha, faz com que nossos espíritos, nossas mentes, se tornem escravos do medo e da insegurança, deixando de viver intensamente.
Não aproveitamos mais o sabor do que ingerimos, não nos divertimos mais como antes, não sonhamos mais com as coisas boas – porque temos que estar atentos o tempo inteiro para nos proteger. Por isso as crianças são tão criticadas – elas ainda não sabem o que é isso, o que é se proteger, o que é ser sério. E nós temos o dever de ensinar essa coisa toda à elas.  Elas só sabem fazer, o que deveríamos fazer: Viver intensamente nossos desejos e momentos, independente de idade, sexo, cor, personalidade.

O escritor e apresentador do antigo programa ‘Encontro Marcado’ da rede TV da televisão, Luiz Gasparetto, dizia sempre que as pessoas desejam a felicidade, mas não sabem ‘bancar’ os próprios desejos. Essa questão de bancar, significa ‘assumir’ as conseqüências dos seus atos, pois todos nós quando desejamos algo e esse algo acontece, traz conseqüências boas e aquelas que temos que trabalhar ao longo do caminho. E as pessoas querem determinadas coisas, mas não sabem ser responsáveis pelo o que desejam. Acredito na veracidade dessa teoria, mas também compreendo o surgimento dessa reação – nós vivemos com muito medo da vida. Medo de viver, de sentir, de experimentar, de crescer. O que não percebemos, é que JÁ ESTAMOS SOFRENDO agindo assim, deixando de vivenciar experiências aos quais nos concederiam uma grande expansão de mente, de objetivos, de idéias.

Por isso, apesar do desgosto de ter perdido quatro horas daquele sábado ensolarado, posso garantir :  hoje não me esquecerei, de VIVER. Não de viver com medo, mas de VIVER INTENSAMENTE, doa a quem doer, haja o que houver...

Com amor, Karen Thiemi 

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