Aquele era um belo sábado. Sim, aquele tipo ensolarado, quentinho mas com
vento, ao qual todos saem de casa nem que for para tomar sorvete na lanchonete
da esquina. As pessoas em geral, aproveitam para colocar um belo par de óculos
escuros, e vão as compras, ao shopping, resolvidos de fazer compras ou mesmo se
distrair.
Eu perdi quatro horas exatamente, fazendo sabe o
que? Instalando um novo anti-vírus no meu computador, pois, recebi um e-mail de
um amigo ao qual, aparentemente, continha algo estranho que passou ao
mesmo. Não sei até agora, o que foi que
prejudicou meu computador, só sei que o mesmo reiniciava sozinho diversas
vezes, e o anti-vírus que estava instalado nele simplesmente não conseguia
interpretar nenhum risco, então instalei um novo, ao qual fez seu trabalho
corretamente, identificando três possíveis corpos estranhos do computador. Eu,
enquanto olhava entediada o anti-vírus novo ser instalado, pensei na palavra
segurança, ao qual apareceu diversas vezes em pop-ups no meu computador, me
avisando que precisava existir um anti-vírus o mais rápido possível, pois meu
computador estava em risco.
Fiquei reflexiva quando cheguei a conclusão,
de que perdemos tempo de nossas vidas nos protegendo. Sim, mesmo que inconscientemente,
passamos a vida nos protegendo de tudo, gastando tempo e dinheiro adoidado por
isto. Se andamos na rua com fones nos ouvidos, temos que vigiar ao nosso redor
se não existe algum ladrão ao qual queira nosso celular. Se compramos um carro,
gastamos rios de dinheiro com seguro, visando o roubo e também defeitos
possíveis que irão surgir. Se usamos um computador, temos que ter um
anti-vírus. As mulheres devem sempre andar com um absorvente, senão um determinado
dia pode-se menstruar. Se conhecemos alguém interessante, temos que ‘tomar
cuidado’ para não sermos enganados, ou então, não criarmos expectativas acima
do que realmente a pessoa aparenta ser. Se compramos uma roupa nova, devemos
nos atentar se a mesma não possui algum tipo de defeito. Se iremos escolher
algo para comer, devemos nos atentar se a comida em questão não tem nenhum
fator que nos prejudique – itens que causam alergias ou prejudicam nosso corpo,
coisas do tipo – e se a mesma não é cara, pois afinal de contas, devemos nos
atentar com qualidade e quantidade. Na empresa ao qual trabalhamos, devemos ser
precavidos com erros em nossas tarefas cotidianas para não sermos criticados
por nossos chefes, ou então, nos atentar com os colegas aos quais nos invejam
ou desejam nos prejudicar de alguma forma. Um dia me disseram: ‘A vida é uma
selva, onde você tem que lutar constantemente para sobreviver’. E acho que se
encaixa perfeitamente nessa descrição acima.
Porém, o que ninguém percebe de fato, é
que essa mania de agirmos e pensarmos como se estivéssemos num campo de
batalha, faz com que nossos espíritos, nossas mentes, se tornem escravos do
medo e da insegurança, deixando de viver intensamente.
Não aproveitamos mais o sabor do que
ingerimos, não nos divertimos mais como antes, não sonhamos mais com as coisas
boas – porque temos que estar atentos o tempo inteiro para nos proteger. Por
isso as crianças são tão criticadas – elas ainda não sabem o que é isso, o que
é se proteger, o que é ser sério. E nós temos o dever de ensinar essa coisa
toda à elas. Elas só sabem fazer, o que
deveríamos fazer: Viver intensamente nossos desejos e momentos, independente de
idade, sexo, cor, personalidade.
O escritor e apresentador do antigo programa
‘Encontro Marcado’ da rede TV da televisão, Luiz Gasparetto, dizia sempre que as
pessoas desejam a felicidade, mas não sabem ‘bancar’ os próprios desejos. Essa
questão de bancar, significa ‘assumir’ as conseqüências dos seus atos, pois
todos nós quando desejamos algo e esse algo acontece, traz conseqüências boas e
aquelas que temos que trabalhar ao longo do caminho. E as pessoas querem
determinadas coisas, mas não sabem ser responsáveis pelo o que desejam.
Acredito na veracidade dessa teoria, mas também compreendo o surgimento dessa
reação – nós vivemos com muito medo da vida. Medo de viver, de sentir, de
experimentar, de crescer. O que não percebemos, é que JÁ ESTAMOS SOFRENDO
agindo assim, deixando de vivenciar experiências aos quais nos concederiam uma
grande expansão de mente, de objetivos, de idéias.
Por isso, apesar do desgosto de ter
perdido quatro horas daquele sábado ensolarado, posso garantir : hoje não me esquecerei, de VIVER. Não de viver
com medo, mas de VIVER INTENSAMENTE, doa a quem doer, haja o que houver...
Com amor, Karen Thiemi
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